Augusto Pinto Boal (16/03/1931 – 02/05/2009) foi diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo brasileiro, talvez uma das mais importantes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundou o Teatro do Oprimido, aliando teatro à ação social, direcionando o teatro também às áreas de educação, saúde mental e ao sistema prisional.
Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, filho de um padeiro português e de uma dona de casa, dirigia peças familiares desde os nove anos de idade. Ao completar 18 começou a cursar engenharia química na atual UFRJ, e paralelamente escrevia textos teatrais. Na década de 1950 realizou seu Ph.D em Engenharia Química em Nova York, na Columbia University, e lá também freqüentou a School of Dramatics Arts.
Quando voltou ao Brasil, foi convidado a integrar o Teatro de Arena de São Paulo, na época uma das mais importantes companhias teatrais do país. Em sua primeira direção Ratos e Homens, recebeu o prêmio de revelação de direção da APCA. Com o Teatro de Arena em dificuldades, resolve apostar em textos de autores brasileiros para reerguê-lo, e consegue, com o texto “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri. O grupo ressurge, provocando uma verdadeira revolução na cena brasileira, abrindo caminho para a dramaturgia local. Prosseguiu com um teatro voltado à realidade do Brasil, e sob sua direção, “Chapetuba Futebol Clube” obteve outro grande êxito nessa vertente.
Nos anos seguintes, Boal continuou com a direção e criação de inúmeras peças e tornou-se um dos dramaturgos mais importantes do período. Com o golpe militar em 1964, participa de um grupo cuja pretensão era criar um foco de resistência política através da arte, e conseguem, com o show Opinião.
A partir de Opinião, iniciou-se um ciclo de musicais no Arena, primeiro experimento do sistema curinga, onde os atores se revezavam fazendo todos os personagens, dentre eles Arena Conta Zumbi (1965), Arena Conta Bahia, Tempo de Guerra e Arena Conta Tiradentes. Em 1968, reuniu textos curtos de vários autores na Primeira Feira Paulista de Opinião, fazendo assim um depoimento teatral sobre o Brasil naquele ano.
Ao final de 1968, com o decreto do AI 5 feito pelos militares, o Arena viaja ao exterior, por onde permanece nos anos de 1969 e 1970. Ao voltar, é criado o Teatro Jornal – 1ª Edição, trabalho de dramatizações a partir de notícias de jornal.
Em 1971, Boal é preso e torturado, e nesse momento decide deixar o país com destino à Argentina, terra de sua esposa Cecília Boal. Lá desenvolve o Teatro Invisível até que em 1973 viaja ao Perú, onde aplica suas técnicas num programa de alfabetização integral e começa a fazer o Teatro Fórum. No Equador desenvolve o Teatro Imagem com populações indígenas, período representado por seu texto Murro em Ponta de Faca.
Em 1977 muda-se para Portugal, onde escreve Mulheres de Atenas, adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, com músicas de Chico Buarque. Em 1978 estabelece-se em Paris e cria um centro para pesquisa e difusão do teatro do oprimido, e, em 1981 promove o I Festival Internacional de Teatro do Oprimido.
Volta ao Brasil definitivamente em 1986, onde inicia o plano piloto da Fábrica de Teatro Popular cujo objetivo principal seria tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral e cria o Centro do Teatro do Oprimido.
Em 2008, Boal é indicado ao Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com o Teatro do Oprimido. Em 2 de maio de 2009, Augusto Boal, que sofria de leucemia, falece por insuficiência respiratória.
Algumas frases que revelam a importância deste ícone para o teatro:
- "Boal conseguiu fazer aquilo com que Brecht apenas sonhou e escreveu: um teatro alegre e instrutivo. Uma forma de terapia social. Mais do que qualquer outro homem de teatro vivo, Boal está tendo um enorme impacto mundial" - Richard Schechner, diretor de The Drama Review.
- "Augusto Boal reinventou o teatro político e é uma figura internacional tão importante quanto Brecht ou Stanislawski" – The Guardian.
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